sábado, 7 de março de 2009

Meu Primeiro Emprego Público

(Para uma Leitura Cronológica dos fatos, comece por "Concursos Públicos e a busca pela segurança financeira")

Desde 1992, durante quase 12 anos, fui proprietário de uma pequena copiadora que ficava no Diretório Acadêmico de um dos Cursos de Graduação da Universidade de Taubaté - UNITAU. Os ganhos eram rasoáveis para um jovem que iniciou suas atividades como micro empresário aos 18 anos, porém, com o avanço da idade, o retorno financeiro foi se tornando insuficiente diante do que almejava conquistar. Costumo dizer que meus sonhos eram caros...rs

Já com meus 30, resolvi mudar meu estilo de vida.

Com o aprendizado do real valor de utilizar a INTERNET como meio eficaz para divulgar minha experiência profissional, que não era grande coisa, inundei a web com meu curriculum. Bancos, Empresas Automobilisticas, Aeronáuticas etc... todos foram alvos dos meus disparos.

Em dezembro de 2003, após 15 dias do oferecimento dos meus serviços via web, o Banco Itaú fez contato e quis me conhecer. Após uma entrevista entediante, acabei sendo contratado para trabalhar como "Caixa". Fiz varios e bons amigos mas o trabalho era estressante, era normal faltar dinheiro no caixa e eu tinha que ficar procurando a diferença naquela fita quilométrica por horas - era broxante. Com os colegas não era diferente, sem falar nas noites mal dormidas bolando estratégias para bater as metas de vendas dos produtos da instituição.
Em agosto de 2004, com apenas 9 meses de casa e com a ameaça da greve dos bancários, cheguei para mais um dia de trabalho e um Bilhete Azul esperava por meu autógrafo.

Como não havia muito o que fazer, assinei! Disse: "Guardem meu autógrafo, pois quando ficar famoso, vocês já o terão!"

Com aquele sorriso amarelo e com cara de bunda, fui embora.

No mesmo dia, 25 de agosto de 2004, disparei novamente meu curriculum pela web mas, desta vez, eu tinha uma arma secreta: "Eu já tinha sido bancário...rs"

Sem muita opção, comecei a buscar por concursos públicos abertos na época. Afinal, o seguro desemprego não ia durar muito e a grana mal dava pra pagar a prestação do meu carro, que havia financiado, em 36 meses, há apenas 5 dias do desligamento do Banco. (Desligamento: sempre gostei dessa palavra. É um jeito chique de levar um pé na bunda. Nem doi tanto!!!)

Já que havia vendido minha copiadora e, agora desempregado, não tinha ocupação, resolvi me inscrever para o Concurso para provimento dos cargos de Auxiliar de Promotoria no Ministério Público do Estado de São Paulo. Fiz a inscrição via internet (eu já sabia que funcionava) e comecei a estudar. Só saia de casa para comprar o rango, era dedicação em tempo integral, porém sem muita qualidade nos estudos e nenhum cronograma ou método de aprendizagem. (Afinal eu era um novato, nunca havia feito concurso público e não sabia nem por onde começar)

Foram quase 2 meses de estudos intensivos, ter que lembrar todas aquelas regrinhas de português e as fórmulas matemáticas, que havia aprendido e deixado de usar há mais de 10 anos, não era fácil e nem um pouco empolgante.
Finalmente, dia 22 de novembro de 2004, acordei às 5:00hs da manhã, pensei: Puts, que preguiça de ir até São Paulo - Capital pra fazer essa prova, vou voltar à durmir!
Não consegui, rolei na cama por uns 15 minutos, aquele pensamento foi a atitude mais covarde que tive até hoje e, mesmo tendo se passado 5 anos, lembro-me perfeitamente daquela situação e o que senti me acovardando.

Levantei, tomei um banho, tomei um café com leite e peguei a estrada. Eu nem sabia chegar no lugar da prova, não sabia andar em São Paulo, só sabia que iria fazer a prova na Avenida Paulista, mas chegar até lá seria um desafio.

Para minha surpresa, acertei de primeira o caminho, cheguei mais de 2 horas adiantado e fiquei ali mesmo, sentado num banco na esquina da Avenida Paulista com a Brigadeiro Luis Antonio. Era Domingo, o dia estava ensolarado e as pessoas estavam caminhando, passeando com o cachorrinho, as vezes passava um punk com os cabelos coloridos e outros tipos estranhos que só encontramos numa Mega Metrópole como São Paulo. Outros candidatos começaram a chegar e, logo se sentaram próximo a mim.

Nesse dia, deparei-me com a cena mais emocionante da minha vida. As estações do metrô, na Avenida Paulista, têm cabines com elevadores destinados às pessoas com deficiência física para que elas cheguem à calçada. É como se fossem cabines telefônicas, todas em vidro, mas na realidade é um elevador que surge do chão trazendo alguém. De repende, surgiu do elevador um rapaz de cadeira de rodas. Ele havia vindo de São José dos Campos, sozinho, pegou um ônibus circular até a rodoviária da sua cidade, outro ônibus até o terminal do Tietê e um metrô até o local da prova e eu, poucas horas antes, estava deitado na minha cama indeciso se iria pegar meu carro e ir até o local da prova. Pensei: "Se alguém aqui merece essa vaga, com certeza, não sou eu!"
Infelizmente ele não pegou uma classificação tão boa para que pudesse ser chamado.

Marinheiro de primeira viagem e com tantas alternativas como opção de resposta, me confundi um pouco, mudei respostas, passei alguns resultados errados para o gabarito final e "vamo que vamo" (Quem nunca fez isso?)

Dia 02 de dezembro de 2004, não tinha que estudar mais, afinal a prova já havia acontecido, acordei com o telefone. Era o Gerente do Banco Real de Taubaté me chamando para uma entrevista de Emprego, lembram que enviei meu curriculum pela internet? Com aquela arma secreta?
Dia 06 de dezembro de 2004, fui contratado e com apenas dois dias de trabalho saiu o resultado do concurso: "Eba, Passei em 2º lugar".
Esperei durante aproximadamente 4 meses até sair minha nomeação, vim a São Paulo no dia 13 de abril de 2005, tomei posse no cargo marcando o exercício para dali a 15 dias e voltei para Taubaté, pedi demissão do Banco e comecei a organizar as coisas para a mudança radical que viria, afinal o local de trabalho era em alguma das Unidades do Ministério Público do Estado na cidade de São Paulo.

Como esse post está ficando longo, descreverei como foi a mudança, a rotina de trabalho e ascensão para outros cargos públicos no próximo item.

Hoje, relembrando tudo isso, percebo que não teria conhecido e convivido com as pessoas maravilhosas que encontrei, não teria superado os desafios que superei, não teria expandido meus horizontes como expandi, não teria a realização profissional que tenho, SE TIVESSE FICADO DORMINDO AQUELE DIA.

Um comentário:

  1. Bom, agora que você tem um emprego público estável, está na hora de comprar um imóvel, para completar o nível de segurança.

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